"Tu, de quem o sol é sombra,
De quem cadáver o mundo,
Meus passos guia, aqui na sombra
O sentir-te, ermo e profundo
Presença anónima e ausente
De quem a alma é o véu
A meus passos de um consciente
Tão consciente que é teu
Para que, passadas eras
De tempo ou alma ou razão
Meus sonhos sejam esferas
Meu pensamento, visão
Bem sei que todas as mágoas
São como as mágoas que são
Parecidas com as águas
Que continuamente vão
Quero pois ter guardada
Uma tristeza de mim
Que não possa ser levada
Por essas águas sem fim
Quero uma tristeza minha
Uma mágoa que me seja
Uma espécie de rainha
Cujo trono se não veja
A madrugada irreal do quinto império doira as margens do Tejo..."